sábado, 8 de maio de 2010

Dia de Sol

as mulheres no rossio vendem flores
junto ao pátio da velha dona dores
e têm em separado todas as cores
todas elas brancas.

eu não estou a senti-lo, amor.

um homem surdo falou-me
mas eu estava mudo e coube-me
sinalar que o sol estava morno
e as nuvens secas.

eu não estou a senti-lo, amor.

o café da esquina faz o pão sem sal,
e vende-o mas suponho que não haja mal
até porque o melhor dos chás
é aquele que se bebe sem açucar.

eu não estou a senti-lo, amor.

caminhei junto ao mar, só para saber
que era um rio, e toquei-o para achar
nele apenas um charco de água.

não há como senti-lo, amor.

Paulo Oliveira

Sem comentários:

Enviar um comentário