sábado, 13 de março de 2010

Abrigo Nuclear do Sol

Não há muito tempo,
eu tinha uma casa
cuja estrutura se assentava
em nós negros de madeira
e toda a gente que por lá passava
sorria e perguntava
o que guardava na algibeira.

Eu nunca vi uso dos nomes
se todos se agitam da mesma maneira
e nunca percebi
porque o padre usa botas
se já nasceu na lama.

Não é raro que o abáde guarde
todas as suas preciosidades,
em paredões no meu sótão,
e recite dos seus livros
em noites de tempestades
alguma oração
aos corvos e à lua

A casa tem janelas com cortinas
para esconder a falta de sensações,
sabendo que o meu coração,
não é falso, mas é mole,
e tem um telhado que não deixa
entrar a chuva, nem que brilhe o sol.


Paulo Oliveira

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