domingo, 28 de março de 2010

Trinta e Oito, Vinte e Cinco (38,25)

Atrás do Parlamento, nas ruas em que o
momento se recolhia pelos deputados
nas pontas dos cigarros de secretários de
estado, todos escusados e todos internados
nalguma espécie de suposição, enquanto
o Presidente da República consumava
os seus supositórios com a cabeça erguida
em comulsão, algum parvo tentava
passar uma lei sobre a fragilidade da população,
que exigia o reconhecimento e a sua afixação.

O meu segundo filho da terceira noite,
com a quinta mulher, disse qualquer afirmação,
antes de se remeter para a prisão, qualquer coisa
sobre o segundo da quarta noite, que me fez pensar
na mãe do décimo filho, antes de me ver perdido,
no meu próprio desejo escondido, que eu julgava
perdido, de ter um tesão.

A compensação da mulher do barbeiro,
está escondida atrás do candeeiro, uma conjunção,
sobre um terreno com um grande poço de petróleo
e o raio do velho, vê o seu negócio iluminado a óleo
ou a azeite que as corujas bebem. Do outro lado
os putos engolem leite misturado com aguardente,
porque no Alentejo o sol pode bater no chão,
mas a garganta nunca fica tão quente.

Eu estive acordado a noite toda,
a bater nas grades da janela, a brincar com
o meu pente, e as pessoas passavam
com um jeito indecente, lá pela rua dupla,
e estava a pensar como o sol fica bonito,
quando está a cair. Se eu morrer no topo
deste monte, alguém se lembrará de mim ?

Paulo Oliveira

1 comentário:

  1. um dia vou raptar-te e obrigar-te a ensinares-me a escrever, paulo ranhoso.

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