terça-feira, 13 de abril de 2010

Convulsão

esqueci-me do chapéu. passei pelo polícia
que prendera o Artur, quando retornei a casa,
e cruzei-me na entrada com o porteiro, seguro
que ainda não passara no dia currente.

atravessei a porta sem a abrir, enquanto
ouvia do meu lado esquerdo uma discussão sobre
plástico. ainda cheirava a ácido,
contundente e profuso, havia ele queimado as heras
que cimentavam o edifício ontem, tardio na sua morte.

saí de modo a aproveitar o sol, mas não senti
qualquer calor, e apesar de ter trazido o meu melhor
chapéu, o meu melhor casaco e o meu melhor acto,
ninguém me resolveu ou avistou.

rompi pelo café,
mas ninguém me viu entrar,
nem havia ninguém que eu esperasse
ou que me fizesse esperar,
e eu procedi passando despercebido.

Paulo Oliveira

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