domingo, 25 de abril de 2010

Esteves !

oh Esteves ! porque não entendes ? eu não quero perturbar
ou dar convulsão ao seu espaço. eu só quero dormir ao lado dela.
oh homem ! entende : mesmo que me tirasses o coração
eu continuaria vendo razões para me apaixonar por ela.

sabes a ventania que entrava no comboio ? era a janela que
eu abri, essa era a minha paixão ! viste como ela levantou
todos os papéis do divórcio para fora, como um furacão ?
não devíamos ir embora.

porque aquele homem há frente chora ? provavelmente
porque chegou a hora dele. mas a hora dele não é a nossa,
e a nossa hora não é agora. porque olhamos para o ar
como quem vê o futuro, se nem controlámos o passado ?
o que eu digo, e que te entra atravessado, é que nos façamos
como animais ao que nos supera.

o meu amor é uma fera que me revolve, e o amor que sinto
por ela é a gamela onde cuidam os restos da minha imposição.
o que eu sou é falhado.
mas a verdade, Esteves, é que nunca tive tanto desejo de vender
a vida para passar um bocado com ela, oh Esteves,
e isso é sagrado.


Paulo Oliveira

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