quarta-feira, 7 de abril de 2010

Desejo ( Revisitado )

cuidado ! os santos estão a correr atrás de mim,
e por acumulação provavelmente também estão
a pensar em ti. gostava de os ver todos a chorar
também, reformulando em si o que não é suficiente
para alguém os puder amar, mas isso depende de ti,
não é ?

tenho guardado este pensamento, de que as árvores
crescem, para tu construires o teu império de madeira,
e o vento sopra, para te levar inteira, a voar, pelos campos
onde a relva é tua, ou pelo mar onde essa consciência que
te falta anda núa, da mesma maneira que a minha culpa.

antes tínhamos em quem confiar e a nossa maneira de
beijar era praticamente a mesma. agora deixas-me passear
o meu corpo vazio pelas ruas velhas de Viseu como uma lesma,
este corpo do qual não há certezas se é meu, ou se mo roubaste
também com a tua furtosa delicadeza. e diz-me pois, porque te
anseio, pelo teu corpo e pela tua beleza, ou porque as flores na mesa
parecem querer lembrar-me a cor do teu cabelo. explica-me porque
és exacta e concisa, e não te importas de andar perdida numa incerteza
que só serve para nos arruinar. conta-me as histórias e faz-te de entendida
sempre que eu quiser sorrir,
porque não é o fundo que está anormalmente a subir, mas o
céu que vem caindo sobre nós.

Paulo Oliveira

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