sábado, 10 de abril de 2010

O Dia em Que o Tempo Morreu

na tribuna do Estado desfalecia um Deus inútil, prostrado
sobre as grades negras como um sonhador desolado, e,
inanimado, jazia um ginecologista bajulador que tentou
animar o travesti errado. no palco, à frente dos lugares
mais bem colocados, um palhaço lançava pó de talco ao
som de fado, e a personagem principal descobriu quem
pensava ter desafiado, que se figurava como um animal
às luzes fortes do Senado.

a cena principal envolvia um limoeiro e celophane que
fazia de plantas e flores, e o rei nos bastidores estava
apaixonado pelas estrelas de todas as cores que envolviam
o céu.
eu lembro-me de tudo isto pois foi nesta peça onde
o tempo morreu.

Paulo Oliveira

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